Escrevi um dia que «o livro que não gosto, é o que me deixa indiferente; o livro que gosto, é o que termino com um sorriso nos lábios; o livro que amo, é o que fecho de lágrima ao canto do olho». Percebo hoje que não só a livros se aplicam estes princípios. Indiferente a quem não gosto e sorrindo com quem gosto, só vale a pena sofrer por quem amo. E não se entenda o verbo amar como epifania romântica, porque dou um sentido bem mais amplo a tão maltratado verbo. Na minha concepção da palavra, amor tem um sentido de intensidade, e não de tipo de sentimento. Sob esse ponto de vista, e porque a paixão não deve estar acima da amizade ou companheirismo, tenho ao longo dos anos acumulado uma bagagem de pessoas e memórias que, não fosse também eu cada vez mais forte, poderia hoje pesar já demasiado. Essa força, tantas vezes confundida com frieza, faz com que seja cada vez mais e mais difícil transmitir-me emoção. Quer através de palavras, quer através de gestos, quer através de livros, cinema ou música… Sobretudo quando a tendência destas artes, sobretudo da música, é a de correr da profundidade para a superficialidade. Por isso, e só por isso, nasceu este post. Porque, no meio do lixo e da superficialidade da indústria, no meio da minha própria indiferença e diminuída sensibilidade, o álbum Ceremonials dos Florence and the Machine, foi capaz de me fazer apreciar arte uma vez mais. Ainda que bem longe de me fazer sequer humedecer os olhos, foi capaz de me deixar não sorridente, mas profundamente satisfeito e tocado. Aqui fica o meu obrigado.
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