sábado, setembro 15, 2012

‘Gerações’- Capítulo 12

Cindy Smith (Geração 1969)

Cindy ainda recordava o dia da abertura como se fosse hoje. No entanto, não conseguia lembrar-se daquele Pedro Rossas que dizia ter estado presente. A inauguração da sua escola de música, sonho de toda uma vida, marcava uma nova etapa para Cindy, e por isso julgava lembrar-se de cada pormenor daquele solene dia. Das coisas boas, como a grande afluência que teve a inauguração e as inscrições para aulas particulares, e das menos boas, como o incidente de Carlos Lopes, que lhe pedira para descansar um pouco e aparecera no dia seguinte caído numa estrada já fora da cidade. No entanto, nenhum recanto da sua memória havia sido reservado para Pedro Rossas.

«Bem… Não importa que se lembre da minha presença. O que me levou à inauguração da sua escola é o mesmo que me traz aqui hoje; e digamos que a música não é algo que me mova particularmente. Sou um agente da autoridade. Há algumas semanas que investigo Carlos Lopes. É ele quem me traz aqui. Tenho algumas perguntas a fazer-lhe…» Cindy assumiu um misto de curiosidade e preocupação: «Mas ele fez alguma coisa? Alguma coisa grave que eu desconheça?» «Não temos a certeza de nada… por enquanto. Mas alguém louco como aquele homem será um perigo para a sociedade, mais cedo ou mais tarde». Cindy ripostou: «Mas ele não é louco… é especial! Se não o fosse, não o teria contratado!» «Ora aí está o ponto onde eu queria chegar: porque raio contratou aquele louco?» Cindy sentiu que Pedro Rossas já estava a passar dos limites: «Ora… um pouco de respeito, por favor!» «Responda à minha pergunta, se não quer fazê-lo numa esquadra…». E Cindy respondeu. Contou a história de como conheceu Carlos, ainda que contrariada. Como se fascinou pelo seu sentido musical, e como percebeu quão único era aquele homem. Moverá massas, será uma mina de ouro na minha nova escola. Depois de um interrogatório que não tinha fim, Pedro Rossas disse ter ouvido o suficiente. «Espero que não tenha muito amor a esse seu professor de música… Espero tê-lo em breve numa cela, bem longe do cidadão-comum. Talvez nos vejamos em breve, cara Cindy. Tenha cuidado por onde anda, e com quem anda. Não queremos que nada de mal lhe aconteça… Até breve!»

Brevemente, Capítulo 13

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