O pensamento; o sentimento; a opinião. Queiramos ou não, todos eles dependem de uma perspectiva. A nossa perspectiva da coisa… Por muito que nos sintamos donos da razão, que tenhamos os irrefutáveis argumentos, limpinhos para a lógica, perfeitos para a retórica, a verdade é que toda a discussão, verbal ou escrita, pensada ou atirada ao ar, está impregnada por um factor caótico que separa os que discutem: a perspectiva, não só influenciada por onde estamos na vida, mas por toda a experiência que na bagagem fomos acumulando.
No que à tão-em-voga economia diz respeito, dificilmente haverá concordância entre os novos-ricos, sempre-ricos, novos-pobres e sempre-pobres. Porque todos olham de sítios diferentes. Uns olham de cima, outros de baixo, e outros pelo vidro de um futurista elevador que para uns desce, para outros sobe.
E tudo estaria bem se estes duelos em que ninguém tem razão se confinassem pura e simplesmente à dita-cuja economia! Pior estamos quando estas perspectivas acabam num conflito interior. Em que parte de nós puxa para um lado, e a outra puxa para outra. Não serei com certeza o único que uma vez ou outra tem a racionalidade a puxar para aqui, a impulsividade a puxar para ali, a integridade a chegar e dar um par de estalos a cada uma delas, mandando-as sentar a um canto e pensar no que iam fazer. A pseudo-neutralidade que nasce do diálogo entre as duas perspectivas obrigadas a dialogar poderia ser encarada como a solução a dar aos nossos economistas. Isto, se não acabasse sempre uma das duas por levar a sua avante, deixando a outra resignada a um canto. No meu caso ganha a racionalidade, na maioria dos que conheço ganha o impulso. E na verdade, nenhum deles é melhor que o outro. Ambos são extremos que teimam em não aproximar-se, porque vêm a mesma coisa de maneiras diferentes. Uma vê o copo meio-cheio, a outra vê-o meio vazio…
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