Nada tem significado se não tiver um fim. O fim define o afecto, o projecto, o ser. E o mais belo e significativo de todos os fins, é o nosso fim. Não que o nosso fim seja algo belo per se, mas creio que se adivinha, entre os assombros da décadence, uma alegria e um orgulho de quem olha o que não deixou cair ao longo da vida. A emoção de pensar no que durou anos e anos connosco, e passou uma vida em nós. Não sei já se acredito neste fim para algo mais que os laços de amizade pura, forte e cultivada. Na verdade, pouca coisa escapa à erosão pelo tempo, e a esta instabilidade geodinâmica erosiva - indubitavelmente variável de pessoa para pessoa - junta-se ainda a instabilidade que em nós se manifesta ao longo do tempo, com evoluções ora positivas ora negativas, que vão moldado quem somos e como nos vemos.
Os fins podem ser também ser ocasionais ou premeditados, significativos ou inconsequentes, conscientes ou inconscientes, bons ou maus… Trazendo mais uma vez à baila o encerramento do blog Novo Mundo, dou um exemplo do que para mim é bom fim. Um encerramento com significado, que encerrou uma jornada e terminou na mó de cima. Também um dia, quiçá não tão longe do presente quanto se possa pensar, este blog se dará por encerrado. Não porque esteja a mais, não porque eu me farte, não porque perca qualidade. Precisamente pelo oposto: porque quando o fechar, quero-o fechado em grande. Quero fugir à decadência e deixá-lo vivo na mente de quem o seguiu.
Também acho uma piada especial aos fins inconscientes. Será que vocês se aperceberam, aqui há umas semanas, que estavam na última aula de SOF2 da vossa vida? Já pensaram que pode ter sido a última vez que assistiram a uma aula com alguém particular na vossa turma? Já pensaram que pode ter sido a última vez que viram ao vivo o interior de uma bexiga?… Tudo isto encaixa no fim inconsciente, no fim ocasional, no fim inconsequente que nunca na vida reconhecerão, sequer como um ‘fim’. Outros fins há que nunca na vida se esquecerão. Alguns, marcarão quem sois para o resto das vossas existências. Neste momento, só preciso de um fim. O sempre-ansiado fim-de-semana. Venha ele!
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