Do fundo de um buraco violentamente escavado em pedra dura, olhava a superfície. A luz entrava sorrateiramente no escuro das profundezas geladas daquele espaço só seu, mas não se mostrava em todo o seu esplendor; não iluminava a negrura; entrava apenas o suficiente para causar o desespero do enclausurado: era a luz necessária para reflectir a felicidade a que todos os outros tinham direito, mas não a suficiente para que, lá ao fundo, chegasse a sua quota parte de luz.
Era dia de Natal. Enclausurado nas profundezas do seu mundo, a besta solitária via a já-comum réstia de luz chegar-lhe, magra e pálida, fina mas reluzente, ao fundo do seu espaço. Desta vez, no entanto, vinha mais viva. Mais intensa. Mais forte… Iluminava exactamente a mesma porção de pedra que em qualquer outro dia. Mas iluminava-a mais. A besta, no entanto, não conhecia o optimismo. Mais do que ver mais luz, apercebia-se que estava a perder um dia ainda melhor; ainda mais luz lhe faltava naquele dia. Em vez de mais calor, sentia menos Natal.
Agora digamos que a luz é o trabalho, e o buraco em vez de pedra, sustenta-se num dos 7 fatídicos pecados mortais: a preguiça. Independentemente do que vier depois, diria que o Natal se torna bem mais relaxado e interessante com o stress trancado lá para baixo.
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