Haverá pior sensação que montar um puzzle e, após meticulosa construção, notar a falta de uma peça?… Tudo bem, haverá certamente… Basta, para tal, que faltem várias peças em vez de uma :P. Mas concordemos, ainda assim, que é bastante desagradável estar perto daquele momento de perfeição, e tropeçar num maldito e hediondo imprevisto!
A sensação será certamente partilhada pelos não-puzzleiros mas eternamente-descontentes, a quem pouco ou nada traz satisfação, e a quem falta sempre uma ou outra pecita mais. Sofrendo em leve medida deste descontentamento-crónico, compreendo quem se descontente com a subida de 12 degraus quando se podiam trepar 15, chegando um pouco mais longe. No entanto, sigo a doutrina-mestre desses tantos catequistas-ateus, e tento pregar a religião do optimismo acautelado, mesmo não sendo praticante da mesma. O meu conselho, como o meu espírito, procura sempre o equilíbrio positivo; com o optimismo, espero que o brio do insatisfeito não se afogue no mar de sonhos irrealistas, e se contente com os bons passos dados na direcção certa; com a cautela, procuram evitar-se as também não-saudáveis euforias, essas que tal como o pessimismo exacerbado têm o falhanço como repercussão directa.
E nesta prossecução de um puzzle completo, que há anos e anos não consigo montar, eis que me surge o mais complexo dos desafios de montagem pela frente. Componente aparentemente essencial da Medicina, a Anatomia é de facto o puzzle mais irregular, tridimensional, variável e labiríntico que tive já chapado na venta. Sendo também eu vítima daquela comum coceira que sempre diz que se voltasse atrás, tudo seria mais fácil (oh, meu básico secundário!), a verdade é que este monstruoso puzzle junta ao seu vasto leque de orgulhos um mais, comigo relacionado: é este o bicho que, pela primeira vez, me faz sinceramente pensar que mesmo que voltasse atrás, não faria melhor. Parabéns, Anatomia.
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