Pessoas

Há pessoas para tudo. Pessoas de todas as maneiras e feitios, todo o carácter e mais algum, capazes de todas as atitudes e todas as afirmações. Numa semana rica em experiências sociais e também na falta delas, não poderia deixar de escrever sobre as pessoas; o que são e o que transparecem, o que quereriam ser e o pouco que fazem para o alcançar.

Começo pelo primeiro tipo de pessoa que me vem à cabeça: a frustrada. Seja pela falta do que for, é uma pessoa normalmente irritante. Atenção, não falo de uma pessoa que está frustrada; falo antes de uma pessoa que é frustrada, intrinsecamente afectada pela falta crónica de algo, quer saiba ou não o que lhe falta. Não me posso dizer sortudo ao ponto de não ter pessoas destas a cruzar-se-me no caminho. Uma das características mais formidáveis destes seres é a negação da sua frustração, e o descarregar constante das suas frustrações nos outros. Pessoas que nada têm a ver com as suas decisões de ter ou não filhos, de conviver ou não com pessoas, de ter ou não seguido os seus sonhos. Percebo que alguém se sinta frustrado por tentativas falhadas ou falhas constantes. Não percebo a forma de o aceitar e exteriorizar. E, não bastasse o dar-na-cabeça constante às vítimas predilectas, tratam ainda por vezes de se tornar mais agressivas e estragar as oportunidades e sonhos dos outros. E com prazer, aposto…

Passado o mundo das frustrações, seguimos para o mundo dos oportunistas e mal-agradecidos. Aqueles que se gabam de algo que não é produto seu, que mentem e deturpam a realidade, que são, estúpida e simultaneamente oportunistas e ingénuos, levando os outros mas também deixando-se levar. Que não agradecem mas procuram agradecimento eterno dos outros. Enfim. Podia seguir para outros mundos, da arrogância e superioridade crónica, da ignorância e desrespeito, mas fico-me por aqui no que a maus feitios diz respeito.

E fico-me por aqui, porque há também quem nos salve o dia. Há pessoas que nos divertem e nos animam dia após dia. Que são confidentes ou companheiros da estupidez, ou até as duas simultaneamente. Com quem falamos e discutimos, que insultamos e elogiamos, com um intenso positivismo subjacente. Pessoas que em nós confiam, e que todos os dias nos acompanham. Mesmo que não estejam connosco. E é aqui que mais uma vez fico embebido em boas memórias, de quem me seguiu e acompanhou não agora, mas nos últimos anos. Que não foi parte do percurso: é parte do percurso, ainda que distante fisicamente. Ligações tão fortes ou positivas, que com o tempo não esmorecem. Que se unem às novas relações e às novas pessoas. Que se vão renovando e fortalecendo. E que me deixam com saudade. A esses, sortudos seres que têm agora um mês de férias, um abraço e um mais obrigado pelos bons momentos ;)