quarta-feira, junho 15, 2011

É possível!

Não sou, nem de perto nem de longe, fã de José Sócrates. E menos ainda sou do seu reinado sobre os destinos fadados de um Portugal ignorante, pobre e derrotado.

Não sou, no entanto, quadrado. Não caio na bipolarização extrema hoje instituída sobre o estranhado vencedor do Sexy Platina do Correio da Manhã. Nem tudo o que Sócrates fez foi bom, nem tudo foi mau. Nos momentos de despedida, tende-se a puxar galardões e momentos de glória. Sobre Sócrates, no entanto, sempre pairou a nuvem de desconfiança trazida pela mentira compulsiva e pela constante suspeita de corrupção académica, ambiental, económica e política. E embora considere os seus mandatos lamentáveis e a sua postura política vergonhosa, tenho que destacar que nem tudo foram pesadelos nos últimos anos. Quero demarcar, como exemplo, aquele que vejo como um dos pontos ideológicos mais bem conseguidos do seu duplo mandato: o Projecto Simplex, muitas vezes ignorado, teve como grande objectivo o abate furtivo de burocracias e complicações jurídicas, abrindo espaço a uma nova celeridade de processos judiciais, sociais e legislativos. Nem sempre foi bem empregue, e nem tudo foi bem pensado. No entanto, a base criativa deste projecto parece-me ponto de partida necessário para uma série de novas medidas, sobretudo quando, como agora,  tanto urge uma optimização eficaz de recursos e pessoal.

Pensemos: Porque é que temos uma Lei tão inacessível ao Português Comum? Porque é que temos um ficheiro no Hospital, outro na Polícia, outro na Segurança Social? Porque são todos esses recursos impressos compulsivamente nos serviços administrativos? Porque é que para dar uma negativa a um aluno do Básico, um professor tem que entregar justificação escrita? Porque é que tudo tem que ser meticulosamente expresso em actas quando não se tomam decisões? Porquê!?

Muito processo é valorizado neste país (e mundo), e muito há por pensar. Se começássemos tudo isto de novo, faríamos deste Sistema o que ele é? Porque é que passamos a vida com remendos em vez de construirmos, com tempo, uma base totalmente nova para o funcionamento do país? Já só consigo pensar naquela folha em branco. Naquele pedaço de nada à espera de vida. Da iniciativa de criar, de pensar e construir. De passar o político de costureira a pensador. Difícil? Talvez… Mas só é impossível se não acreditarmos que é possível. A verdade é que podemos construir, do nada em que estamos, tudo de novo. Como deixa, digo que a Simplicidade me parece um bom ponto de partida.

1 comentário:

  1. Já não chegava um.. Pois teve de ir também o que mais detesto para lá (mas que surpresa! :O )... Enfim... que isto não se torne numa Grécia por favor

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