sábado, agosto 28, 2010

Tudo um pouco mais simples

Passei do negro ao verde, do cinzento ao azul, do escuro ao claro; uma mudança de cores; uma mudança de tela; uma mudança de mim… Não pensei no que vinha pensando, não pensei no que planeava pensar, não pensei no que devia pensar… Não pensei. Fui outro, com uma mente mais simples, e com a cidade bem longe.

Uma rede presa entre duas àrvores, relva fresca por baixo, e eu suspenso na rede, a ouvir a Natureza. Agatha Christie nas mãos e o rio no ouvido, e eis que a brisa limpa finaliza a descrição deste pequeno pedaço de paraíso. Brisa essa que traz os sons do bosque, dos pássaros excitados com os primeiros raiares de uma manhã quente, em que o sol exponencia qualquer pequena vontade de mergulhar na àgua, tornado-a crítica e avassaladora. O ténue balançar, a luz que se vai movendo, os sons que teimam em não se manter monótonos, tornam a experiência rica, criadora de sorrisos e arrepios, e fazem avançar as páginas do também emocionante e cortante thriller cujos mistérios vão sendo desvendados. Não seria capaz de apontar defeitos à escrita de Christie. Envolve como poucas, fascina como muito poucas, e é capaz de criar um ambiente de crime como provavelmente mais ninguém.

O cheiro a crime, e a inevitabilidade do mesmo, tornam-se tão fortes e tão prementes, que a cada página espero o crime, contra inúmeras pessoas diferentes, e por inúmeras pessoas diferentes, e por inúmeros motivos diferentes! Porque tal é a rede de relações e intrigas, o número e particularidade das personagens, e a complexidade da situação apresentada, que se perde a conta ao número de atritos existentes na história. Fascina-me o modo como os factos são apresentados, como a escrita nos surpreende, e os desfechos são inesperados. É incrível a maneira como prende alguém ao livro, e como escreveu mais de oitenta livros como aqueles que já li…

Numa breve homenagem ao Gerês, e outra breve homenagem a Christie, fecho este meu último post deste intensivo e surpreendete Agosto. Hasta la vista!

2 comentários:

  1. Boa vida. Essas férias é que foram. Podiam quiçá ter sido melhores,(nunca se sabe se poderiam ter sido piores in some way). Invejo invejo... xD


    Gerês... foi bastante fustigado este verão. Muitos hectares foram ardidos, muita beleza se ardeu e muito do purismo se foi. Mas acredito que ainda mantenha a sua alma.

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  2. A caminho da casa onde estive assisti a toda essa devastação, que foi de facto massiva... Houve casas que experienciaram o calor da chama a metros!... Mas, no sítio onde estava, consegui facilmente respirar o verde. Área poupada =)

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