Escolinha, Escola, Secundário. Exames Nacionais, e cá estava a hora das decisões. Dúvidas, dúvidas, dúvidas. Tal como muitas crianças, fantasiei sobre inúmeras futuras profissões. Tal como poucas, não tinha um sonho desde pequeno. E passei pelo secundário relaxadamente, sem um objectivo definido, conduzido apenas pelo orgulho próprio de não falhar. Chegou o dia, e a decisão mais importante da minha vida continuava adiada. Racionalmente, escolhi um caminho para o qual não estava emocionalmente pré-programado. A ideia de um curso e uma profissão desafiantes, onde o bom-senso, calma e sangue-frio poderiam vingar, entusiasmou-me tanto como o ideal de estabilidade dinâmica que adviria da profissão médica. Escolhia ainda sobre uma manta de dúvidas. Iria eu gostar do que tinha de aprender? Conseguiria eu lidar com a carga de trabalho, e a pressão a ela associada? Conseguiria manter-me firme após uma falha? Seriam os meus Humanismo e o Sangue Frio suficientes? Decidi arriscar.
Os primeiros dias… assustadores; frenéticos e carregados de uma carga física e emocional pesadíssima, entre a novidade da Praxe e a estafa e confusão que era ICM. As primeiras semanas pareceram anos. Éramos inundados com iniciativas académicas e sociais, escolares e extra-curriculares, e o desconhecido era, como é sempre, difícil de encarar. O tempo passou, e o hábito ensinou-nos a conciliar tudo o que fazíamos, aproveitando o melhor de cada parcela desta nova vida. A Praxe passou de obrigação a prazer, e as relações foram evoluindo a um ritmo marcado pela catálise praxística. Foi definida uma forma de estudar, uma forma de estar, uma forma de interagir, uma nova forma de ver as coisas. Os Exames iam passando sem se dar por eles, com uma semana tortuosa em cada véspera e uma Fase 6 subsequente. Definiram-se hábitos e tradições, e sem darmos por isso, passaram-se meses. Passaram-se meses, e por isso olho agora para trás. As dúvidas, foram-se! Não só sinto orgulho, como sinto um prazer enorme por estar onde estou. Afinal de contas, gosto de saber; gosto desta vida; não sinto a falta do sangue frio e da calma; lido com subidas e descidas; vou lidando, ainda que não de forma exímia, com a carga de trabalho e pressão que se vai perfilando; e, acima de tudo, amo quem encontrei, que em nada se assemelha ao que esperaria encontrar. A arrogância, prepotência e desprezo que acreditava poder encontrar, deve andar afinal por outras bandas. O que vejo é coragem, optimismo e segurança. Vejo uma teia de amizades firmes e consolidadas, de quem passou pelo mesmo que eu, e de quem o fez com uma união vasta e verdadeira. Puxe-se aqui o bom-senso: não falo necessariamente de todos, falo da maioria. E sinto-me feliz por isso. :)
Vejo também desafios ultrapassados, e entraves derrubados. Vejo, a vir de fora, um medo. Um medo e uma invídia, uma vontade enorme de nos parar e congelar parte de nós. Bem se esforçam, mas não vão longe. Quem resiste, subsiste. Só quem luta pode vencer. E, diga-se de passagem, nós não recusamos desafios. Vamos, se for preciso, contra tudo e contra todos. Porque quando se tem um bloco como o nosso, não há nada a temer. O que acontecer a um, acontecerá a todos. E enquanto estivermos com esses que nos acompanham, estaremos bem. Seja qual for a situação. Por esta altura em que não quero que isto acabe, em que percebo o que é isto de ser Universitário, em que percebo que não trocaria isto por nada, vejo-me diariamente mergulhado em mais e mais surpresas, mais e mais motivos de orgulho, mais motivos de felicidade, e sinto uma nostalgia marcada por uma saudade antecipada. As pessoas orgulham-me, as pessoas surpreendem-me, as pessoas mostram o que lhes vai na alma e expressam-no com uma Paixão e uma Profundidade que me garante, sem a mais pequena réstia de dúvida, que estou exactamente onde devo estar.
Este texto exprime tudo aquilo que sinto. Conseguiste-me por a chorar. :)
ResponderEliminarEduardo, esquece, só tu para me pores a chorar 3 vezes num dia :') Está lindo, e é exactamente como eu penso no tempo que foi passando... A sério, tu tens um dom, aliás, vários, és das melhores pessoas que conheci em toda a minha vida, mas nunca desistas de nenhum, porque eu quero ter sempre textos teus para ler e a tua presença durante muitos e muitos anos :) Por isso, com toda a pujança que tenho dentro de mim te saúdo: "Eduardo, Eduardo, you're so awesome, AWESOOOME :D" You truly are, e se alguém te disser o contrário vai ter de se haver comigo, posso ser pequena mas tenho bons dentes. Resumindo, cada vez me surpreendes mais e fico mesmo feliz por seres meu amigo, obrigada :') (e sim, estou mesmo lamechas hoje, não gozes x))
ResponderEliminar